domingo, 25 de abril de 2010

{hoje comemora-se a liberdade}

a liberdade dos [muitos] portugueses...

irem para a cama de barriga vazia

a liberdade dos [poucos, mas significativos] portugueses...

ostentarem os seus largos milhões [grande parte roubada ao povo magro]


lembram-se onde estavam no 25 de abril?

eu tinha onze meses e estava ao colo da minha mãe. à minha mãe, estava uma g3 apontada. queriam a chave do andar que estava desocupado. e a minha mãe deu. as pessoas que o fizeram, só não vivem lá hoje porque, cerca de vinte anos depois, venderam essa mesma casa para comprarem uma outra, não sei onde.

[penso que foi neste dia que nasceu a impunidade pornográfica que se vive hoje...]

vivi só onze meses sob ditadura, por isso, pouco sei... somente, o que me ensinaram na escola, o que a minha mãe me contava [e ainda conta].

sei que éramos um povo pobre, com fome... mas tínhamos os cofres do estado cheios de barras de ouro.

{hoje, somos um povo pobre, com fome... e uma dívida externa que nos está a deixar muito perto da falência, da bancarrota}

sei que vivíamos sob o terror da polícia.

{hoje, vivemos - juntos com a polícia - aterrorizados, porque isto, isto ou isto e tantas outras coisas mais, acontecem sob um manto de impunidade e tolerância que excede tudo quanto é imaginável}

sei que o tal ditador, que origina tanto ódio, usou o mesmo par de sapatos durante anos e só viajou uma vez de avião, às custas do estado.

{hoje, pagamos almoços, jantares, visitas de estado, carros, motoristas e até viagens de fim-de-semana a deputados}

há quem defenda, com unhas e dentes, esta liberdade podre que se vive em nossa casa, no nosso país. já me perguntaram se eu gostava do meu blog...

sim, eu gosto do meu blog. gosto de escrever, de ler o que se passa por aí fora... mas, será que a liberdade se resume a isso? e será que podemos ficar satisfeitos com este tipo de liberdade?

podes ler, escrever, falar à vontade... mas, tens uma dívida externa enorme; vives num país onde se pode matar à vontade que, se por acaso, alguém for preso, sai daí a pouco tempo; vês os senhores deste país, a roubarem à descarada e ainda são aplaudidos por isso; vês o país moribundo, sem direito a cuidados paliativos...

{hoje, vivemos numa grande quinta. os animais que trabalham de sol a sol, estão magros, com fome; o burro velho, que quase se matou de tanto trabalhar, a quem prometeram uma reforma sossegada, num prado verde... acabou num matadouro; os porcos, esses... ostentam as suas jóias, em frente de uma enorme mesa, repleta de comida...}

todos os animais são iguais... mas uns, são mais iguais que os outros...*

...viva a liberdade...

4 comentários:

Fê blue bird disse...

Amiga:
Neste dia só sinto pena. Pena de Portugal e dos portugueses.
Pena dos nossos jovens e dos nossos velhos.
Pena por não termos "tomates" em vez dos cravos.
Beijinhos

Helga Piçarra disse...

Nem mais!

Lisa disse...

Portugal deixou de lutar. Portugal está de luto.

su disse...

infelizmente, assim é. tomates, em vez de cravos... mas, não. estamos de luto, demasiado carregados com o negro, sem forças para lutar. resignados. deixámos de caminhar...

bjos

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