sábado, 20 de novembro de 2010

{skizofrénia}

no quarto, o armário estava dividido em dois. de um lado, roupa formal: fatos de cores neutras, camisas, sapatos de salto alto; do outro lado, cor... muita cor: lenços, vestidos fluidos, calças largas, saias compridas e rodadas, tops de atar ao pescoço e chinelos.

acordar uma ou outra, para mim, era algo tão natural como beber água ou comer. era assim, desde muito jovem, sem nunca me questionar porquê... e até a minha família[a mais chegada], os meus amigos ou a minha gata conseguiam distinguir quando acordava uma ou quando acordava outra, só de olharem para mim. e todos reagiam normalmente a esta espécie de alienação mental[totalmente absurda, diga-se...].

não consigo explicar porquê, só sei que durante estes últimos anos, tudo mudou[felizmente, porque acho que não teria muita paciência para tanta insensatez]. talvez a doença, a incapacidade de ser uma ou outra... sim, deve ter sido isso. hoje, não uso fatos nem tão pouco, ando de fita no cabelo. não sou uma nem outra.

contudo, daquela loucura sobreviveu uma miscelânea das duas.
eu.

tento viver um dia de cada vez[passo a passo] sempre com um sorriso[porque o sorriso é essencial - para mim, para ti... para ele]. agradeço, ao deitar, todo o meu dia: as coisas boas e as menos boas[porque acredito que, até das situações menos agradáveis, se pode tirar uma lição e as lições são importantes: ajudam-nos a crescer].

eu sou inteiramente responsável por tudo o que me acontece... seja o bom, seja o menos bom. porque eu faço o meu caminho com as minhas decisões, os meus pensamentos. se estiver sempre a reclamar da vida com pensamentos desagradáveis, acredito que o universo faz-me a vontade. tipo: já que pensas tanto nisso, aqui está mais do mesmo...

por isso, canto. e danço. mesmo na rua... são os meus interruptores secretos. assim que um pensamento menos bom aparece na minha mente, ligo o interruptor e esse pensamento se desvanece com uma nuvem de fumo[há quem diga que foge de medo porque eu canto mesmo mal, hummm. não sei. provavelmente]. também ando sempre com a minha máquina fotográfica na mala. e nada escapa... eu adoro fotografar, mesmo sem sentido.

não obstante, eu ando tão estranha, ultimamente. e nem os meus interruptores secretos parecem funcionar. não sei porquê. ando insatisfeita, triste, desmotivada, distante de mim mesma. por vezes, sinto-me em piloto automático[eu já vi este filme, lá no tempo do armário dividido em dois... e não gostei mesmo nada do desenlace].

é claro que podemos culpar o tempo ou o outono. quem sabe a lua? o meu pai acredita que sim, é a lua. o antónio diz que pode ser... afinal, a lua é um excelente bode expiatório. também pode ser falta de serotonina... pelo menos, é o que o médico me disse: e que tal um anti-depressivo?
[e pronto, já cá faltava o anti-depressivo]

segundo a minha irmã[sim, na minha família, todos dão o seu palpite... por isso, é que lhe chamo família. para o bem e para o mal. sempre juntos], o meu trabalho é a causa porque esse trabalho não é para ti. quase que acreditei... porque eram tantos com a mesma conversa que não tive outra hipótese senão questionar-me se teria feito a melhor escolha. e sim, este é - sem dúvida - o meu trabalho...

então, o que será?

não sei...

[ou talvez saiba... parece que escrever está a ajudar-me a perceber o que vai cá dentro].

20 comentários:

Johnny disse...

Escrever é, sem dúvida, uma boa forma de terapia... neste caso, também para quem lê :)

Laços e Rendas de Nós disse...

E o que vai aí dentro saiu bem neste texto.

Gostei.

Beijo

Madalena disse...

"já que pensas tanto nisso, aqui está mais do mesmo..."

Gostei muito desta frase. O nosso problema reside aí. Estamos sempre neste registo quase esquizofrénico do "ai, coitadinho de mim" e ainda nos admiramos que a vida não evolua.

(upppsss! Esta foi para mim lol)

Rogério G.V. Pereira disse...

À medida que escrevo
e leio outro escrever
(este, por exemplo)
procuro quem o está a fazer:
se somos nós,
se o contrário de nós que em nós existe ou se não será apenas a nossa alma...
Quase sempre, quando escrevemos, aparecem esses três que há em nós.
Quando o texto nos acalma,
não tenho dúvidas: o ponto final quem o põe é a alma...

Beijo

Rosa Carioca disse...

O meu palpite: continue a escrever, sempre!
Uma ótima semana!

mafaldinha disse...

Bem!!! Essa de um dia acordares uma ou outra!!! Eras poco maluquinha eras! Ainda bem que já te passou! Imagina se ainda tivesses essa panca: um dia com espondilite, no outro, o quê? Uma artrite reumatóide?

LOLOLOL

Ritinha disse...

A resposta está em ti. Não é o que nos dizes? Então, procura :)

xoxo

Tite disse...

Deves fazer o que te puxa o coração para não culpares ninguém dos teus sucessos ou fracassos, se os tiveres.

Agora um conselho grátis de uma amiga bem vivida... não tires fotos a espelhos que reflictam a tua imagem em pedaços... sou supersticiosa e não gosto nem de ver.

Beijossssssss

Jorge Nectan disse...

escrever, sem dúvida é uma excelente terapia pois extravasas suas emoções.
Mas creio que devias fazer (olha mais um palpite) mais coisas especificamente para você, como quando escreves.
Perdoe a intromissão!!!

Um abraço

cc disse...

Gostei tanto da ideia dos interruptores secretos que já estou a praticar e por incrível que possa parecer funciona! Tens cada ideia!!!

um beijinho e vê lá se descobres rápido o que te falta!

Joana disse...

Espero que já te sintas melhor! Um beijinho grande!

Fê blue bird disse...

Minha querida e doce amiga:
Como a compreendo, aquela sensação bem dentro do peito que vai apertando,apertando, e não sabemos explicar.
Será disto ou daquilo...o importante é que sabemos que passa, custa a passar sem dúvida, dói, mas passa.
Sei que não se esquece disso e amanhã... um cachecol colorido, um sorriso rasgado e confiante e o cenário muda.


beijinhos muitos

dandelion disse...

Será que andas a procurar no sítio certo?

Madalena disse...

Hoje, sou eu que escrevo para ti:

Amiga, tem sido um ano e tanto para ti! Não queiras que tudo se resolva assim num ápice. Foram muitos anos, dez anos não se recuperam num só ano! Tem calma! Não és tu que defendes "um passo da cada vez"?

Então vê se segues o que apregoas e vai com calma! Estás há uma década em casa! Quando não estás em casa estás a trabalhar. Isso é lá vida para alguém? Não é! Pois não! E não é por falta de convites!!!

Eu sei desse teu medo de enfrentar o mundo e não venhas cá com coisas que ele é bem real. Tens medo de te voltares a envolver, de voltar a amar e seres novamente lixada. Mas isso faz parte da vida! Ser lixada! E de vez enquando lixar também!

O que importa é viver fora desse muro que tu construíste à tua volta! Não sabes o que tens? É esse muro que te está a sufocar.

Põe-te fina e um beijinho muito grande para ti.

ps. que este blog está mais para lá de que para cá e o teu blog não é assim: quero o teu blog de volta: positivo, alegre, colorido!!!

Sarita disse...

De loucos todos temos um pouco e tu até que és uma louca fofinha :)

Miguel Ângelo disse...

Não gosto nada de saber que estás triste. Aquele abraço mas mais apertado como tu dizes :)

Pedro disse...

Eu sei que não nos conhecemos mas se houver alguma coisa que eu possa fazer para ajudar podes contar comigo!

Abraço!

Brown Eyes disse...

Suzana quem sabe vem aí outra mudança? Quando ando insatisfeita com algo, enquanto ando a pensar se realmente é aquilo que eu quero, começo a andar não triste mas distante, muito distante. Tu sabes que não vale a pena preocupares-te as coisas resolvem-se e nós acabamos por saber como vamos mudar o que não gostamos. Saber o que se passa sabemos, não sabemos é como mudar, como acabar com aquilo. Um beijinho, tu vais lá chegar.

Lisa disse...

Estou de acordo com a Brown :)

Mané disse...

Bem, hoje sou eu que estou atrasada nos comments :|

Já descobriste o que te atormenta?

Um beijo e em frente, que atrás...

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