sábado, 7 de janeiro de 2012

{adietar*: sem acção não há movimento...}

...e vice-versa.

crise. crise. crise... só se fala na tal da crise. e do horror de ano que começa. e como vai ser difícil[quase impossível] sobreviver a tamanha crise. televisão, rádio, jornais e revistas. aqui e ali, nas paragens de autocarro à fila das padarias. crise.

ainda não ouvi, contudo, falar sobre como superar[ou, pelo menos, tentar superar] a crise. será que é assim tão estranho pensar que há algo mais para lá da dita? 

sei que existem muitas pessoas a passar por muitas dificuldades. conheço pessoas que pouco têm para dar aos filhos... muitas, chegam a passar mal, só para que não falte comida na mesa. estas pessoas, porém, nunca baixaram os braços. também nunca os vi passarem o dia à porta da segurança social ou em casa a lamentarem-se de como a vida pode ser injusta.

tenho um casal amigo que, simplesmente, foi à luta. biscates para ele, limpezas para ela. ambos licenciados, ambos oriundos de famílias abastadas. se é justo? não. não é, certamente. não é justo não terem tido comida para dar aos filhos tal como não é justo terem chegado a passar mal. já a história dos biscates e das limpezas... sempre disseram que eram trabalhos como qualquer outro. não estavam na sua área de estudos? e, então? mais tarde, criaram uma espécie de "empresa familiar" e não têm tido mãos a medir. se estão felizes? sim, sem dúvida. ela é professora e ele é advogado.

não quero dizer que não se deva ir à segurança social, mais que não seja, para se inscrever no centro de emprego[se bem que... emprego??? falo por experiência própria: é raríssimo alguém conseguir um emprego por aqueles lados]. mas, sinceramente, passar os dias lá enfiado... à espera de um milagre?

eu acredito em milagres, sim. acredito, também, que temos de fazer por eles. o milagre começa em nós, dentro de nós. a vida muda se tu mudares... fácil falar? claro. colocar em prática é bastante mais difícil, porém, não é impossivel.

eu já estive muito bem, numa empresa espanhola com um salário bastante simpático. eu já estive muito mal devido a uma doença que me levou ao fundo. agora, estou muito bem, novamente. tirando o[enorme] apoio moral da família e dos amigos[pelo qual me sinto muito grata], tudo o que tenho conseguido, tem sido pelas minhas próprias mãos. e isso, é o meu orgulho. sim, um pouco de orgulho, não faz mal a ninguém! muito pelo contrário... melhora a nossa auto-estima :) se estou na minha área de estudos? não. porque não quero. porque descobri que existe muito mais para lá da minha área de estudos...

as pessoas que não estão a trabalhar na sua área de estudos, devem procurar outro emprego? sim. certamente. não obstante, se estão a trabalhar, devem sentir-se gratas por isso... há milhões de portugueses sem trabalho; quanto às pessoas que não estão a trabalhar e que procuram emprego somente na sua área de estudos: get real!!! agarrem-se ao que puderem e continuem a procurar, sim... mas, primeiro, agarrem-se ao que puderem!

conheço pessoas que estão desempregadas ad eternum porque este trabalho isto, porque não andei cinco anos a estudar para fazer aquilo, porque não é o emprego de sonho...

se o meu emprego é de sonho? eu adoro trabalhar onde estou. mas... fazer quase doze horas por dia, cinco dias por semana, trabalho pesado e poucos são os dias em que tenho tempo para almoçar... adoro o meu trabalho, mas se me propuserem ir para itália aprender a fazer pasta... posso ir já ontem???

ainda há aquelas pessoas que não, não conseguem arranjar trabalho. de todo. e que tal fazerem como o meu casal amigo? há uma miríade de coisas úteis que podemos fazer e que há alguém que precisa e não sabe fazer ou, simplesmente, não quer fazer.

conheço uma senhora que vai a casa dos clientes, preparar o pequeno-almoço. estranho? eu também acho... mas, se existem pessoas que gostam disto, porque não lhes oferecer isto? hoje, não só trabalha ela, como o marido e ainda emprega mais uma senhora.

conheço uma outra senhora que, juntamente como a filha, faz rissóis. muuuiiito bons...

eu podia continuar com exemplos... idosos, crianças, animais, comida, jardinagem, roupa[eu detesto passar roupa e sei de muita gente que nutre o mesmo desprezo pelo ferro-de-engomar], costura...

gritam, para aí, aos sete ventos, que este ano vai ser mau.

eu quero acreditar que não. que este ano não irá ser um horror, que não será difícil[quase impossível] sobreviver.

palavra-chave: atreve-te...

sem acção, não há movimento... 
e vice-versa.

7 comentários:

Laços e Rendas de Nós disse...

"Em tempo de guerra não se limpam armas."

Se não me quiserem mais como professora vou limpar escadas ou cozinhar para quem precisa. Afinal, aprendi que alimentando o corpo dos outros somos louvados, enquanto que se alimentarmos o espírito somos denegridos.

Não tenho medo do trabalho. Tenho medo é de não ter forças para trabalhar.

Beijo

Ritinha disse...

Sou Professora de Matemática no desemprego de longa duração. Dou explicações em casa e adoro. Tenho os meus próprios alunos que eu escolhi e que me escolheram a mim. Temos conseguido muito bons resultados!

Hugo Ribeiro disse...

Muito bem escrito pequenina :) eu também posso falar por experiência própria, tu sabes disso! Sou licenciado em Economia e não trabalho na minha área porque neste momento não há saída. Sou PT e gosto muito do que faço.

Fê blue bird disse...

LINDA!!! :D

Assim é que é "falar" atrever-se, arriscar e seguir em frente!
O importante é ser feliz, apoio-a a 100% :)

beijinhos querida amiga

Um doce de casa disse...

Como eu me vejo no que escreves! Aqui estou eu: arquitecta recém formadinha, com estágio de admissão à ordem dos arquitectos feito. E que estou eu a fazer? Casas? Nada disso... Bolos e bolinhos e tudo que tenha muito açúcar!! :) foi para isso que me formei? Não. Mas quem não tem cão caça com gato, e ao menos arranjei algo que me dá igual prazer e que felizmente não está a correr mal!

Beijinhos,

Maria Leonor

Johnny disse...

Acho que muita gente fala da crise para não a sentir. Falando, torna-se algo distante de nós... como uma doença ou uma catástrofe que acontece do outro lado do Mundo, porque quem a sente não fala... vive-a.

caminhante, há um desafio musical para os meus colegas bloggers. É favor ir lá ver.

Lisa disse...

O que te dizer? Licenciada em Gestão, a gerir a minha casa com os rendimentos que tiro de part-times em call-centers :( Se me sinto realizada? Não! Se eu estou feliz? Claro que sim: tenho trabalho!

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